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TODO "MELHOR MICROFONE DO MUNDO" NÃO FUNCIONA SEM ISSO


O remédio para um desafio desconhecido é a experiência e a preparação do profissional.


Mesmo uma pequena e simples gig em um ambiente desconhecido, pode passar de uma missão fácil a uma quase impossível e os sintomas dessa constatação por parte do profissional de áudio é exprimida pela quantidade de ferramentas, acessórios, equipamentos e "berimbelos" que ele carrega consigo para cada uma de suas gigs. Certa feita, eu fazia uma gravação no esplendoroso Teatro Amazonas em Manaus, Brasil, sob a supervisão do querido e célebre Clement Zular, renomado engenheiro de som sediado em São Paulo, muito experiente em tudo relacionado a áudio (risos), quando este adentra a Control Room e se admira de uma pequena caixa de ferramentas que eu havia trazido comigo àquela gravação: "- U-A-U, uma caixa de ferramentas! Sinal de profissionalismo, hein?! Parabéns!", disse-me ele. Confesso que a cada dia que passa, aquelas palavras ecoam mais alto e mais forte em minha cabeça come se estivessem em um contínuo e crescente "feedback loop". Clement estava certo, pois ele tinha uma maior dimensão de tudo o que pode dar errado em uma gig, seja no 'ao vivo' ou em uma gravação. Tal como ele contou em outra história, que ouviu de um cliente seu: "-Como é bom trabalhar com quem já se ferrou muitas vezes na vida.." este se referindo à grata surpresa de ter encontrado um fusível colado com fita adesiva no cabo de energia de um dos equipamentos que ele havia alugado do Clement para uma importante gravação de música sertaneja. O fusível do aparelho se rompeu e antes do terceiro palavrão sair de sua boca, o cliente já havia encontrado ali, colado com durex (fita adesiva e não preservativo, amigos lusitanos!) a solução para seu problema. Isto é fruto da experiência e de "muita-raiva-passada-alheia", meus amigos. São momentos como este, de total desespero que passamos, que nos farão o tipo de profissional que todo cliente quer contratar: Aquele que não sucumbe aos desafios e entrega o resultado esperado. Portanto, quero compartilhar com vocês, alguns dos equipamentos ou ferramentas que me livram de desastres toda santa gig (trabalho).


1-MULTÍMETRO DIGITAL DE BOLSO

Multímetro de bolso, compacto, barato e indispensável.


Certa vez, fui contratado para desenhar um sistema de sonorização de uma igreja e, uma vez comprados os componentes do sistema (todos importados, caríssimos e de origem italiana), fui instalar o sistema. Nos dias anteriores, eu havia demandado da igreja que procurasse um eletricista de sua confiança para realizar uma inspeção em todo o sistema elétrico da igreja, dimensionando um novo ramal dedicado ao sistema de som, passei informações sobre a carga esperada que aquele ramal deveria suportar (para correto dimensionamento dos disjuntores termo-magnéticos), especifiquei a voltagem de cada tomada já que os subs e as caixas de média e altas, tinham voltagem diferentes entre si (sujeito à disponibilidade do distribuidor da marca) e insisti que eu testaria quando chegasse. O eletricista me ligou diversas vezes durante a semana que antecedeu a instalação, me fez perguntas em excesso e quando chegou o dia da instalação, ele insistiu que tudo estava testado, checado e etiquetado corretamente. Eu perguntei se podia testar o trabalho dele e ele, muito incisivamente, retrucou: "-Está tudo testado, meu patrão!" querendo mostrar serviço ao contratante dele, que acenou com a cabeça dizendo que confiava no eletricista. Eu disse: "- Então tá bom, vamos ligar este sub 127V nesta tomada que diz 127V e.. POU!! O subwoofer 18" amplificado, novinho, explodiu na nossa frente para silêncio de todos enquanto aquela explosão reverberava pelos "5 segundos de RT60" do templo em construção. Resultado? Desde aquele dia, jurei a mim mesmo que jamais eu ligaria um equipamento em uma tomada que eu não confeccionei e não a tenha testado e etiquetado previamente. É um risco que não vale a pena, pois um multímetro de bolso, custa menos do que um lanche no McDonald's e a minha infelicidade de não tê-lo custou caro para o cliente, que consentiu na decisão do eletricista. Fazendo uso do multímetro, eu posso aferir a frequência da rede (ou do gerador), verifico a voltagem entre os terminais da tomada e descubro inclusive o tipo de ligação da tomada (Fase+Fase ou Fase+ Neutro) e ainda verifico a existência e, de certo modo, a qualidade do aterramento. E a falta de aterramento, meus amigos, é um dos poucos fatores que podem levar um sistema de som a matar pessoas, devido à eletrocução. Quanto ao aterramento, não conheço ninguém que domine melhor este assunto do que meu querido amigo, Henrique Elisei, da Pentacústica, excelente fabricante brasileira de equipamentos de áudio e distribuição, condicionamento e proteção de energia para eventos e instalações. Para saber mais sobre o assunto, assista Elisei nesta sensacional palestra sobre o tema, apresentada pelo canal EducaSom. Em uma gig recente, descobri que a extensão de energia que estava prestes a utilizar estava com fase conectada ao pino do neutro (erroneamente confeccionada) e consertá-la me tomou preciosos 15 minutos, mas livrou o dono da extensão de relevantes e futuros prejuízos em qualquer equipamento que ele conectasse ali.



2- Anti-Puffs (Windscreens)

É importante ter uma (ou vários níveis de) windscreen para cada um de seus microfones.


O melhor microfone do mundo de nada serve se exposto ao sons explosivos da voz de um palestrante ou se exposto a fortes rajadas de vento, que causarão explosões de baixa frequência ao som captado pelo microfone e estas são bem difíceis de se remover. Para tal, muitos abusam do filtro passa-altas e acabam eliminando grande parte das baixas frequências captadas pelo microfone, resultando num som "magro" e artificial o que é totalmente indesejável. Toda vez que levamos nossos microfones para ambientes externos, sabemos que poderemos ter problemas com o vento e cada um dos microfones deve estar devidamente "agasalhado". Quanto mais direcional o microfone, mais sensível aos ruídos explosivos causados pelo vento ele será. Observamos este fenômeno especialmente em microfones super ou hiper-cardióides e shotguns (gradiente de pressão) e por esse motivo devemos encontrar o nível mais apropriado de proteção ao vento, sempre preferindo o menor nível possível, de forma a não sacrificar a captação das altas frequências que serão absorvidas em parte, pela windscreen ou anti-puff. Modelos com armação e capa de pêlos longos (chamada de deadcat ou gato morto - o animal usado com referência pode variar segundo a fauna e o imaginário local) são uma arma muito eficaz contra ventos fortes, mas este fenômeno também pode se passar em ambientes internos onde colunas de ar-condicionado podem atingir os microfones e causar ruídos explosivos de vento. Se a tarefa for impedir que o vento atinja microfones de lapela enquanto escondemos estes no figurino do artista, longe do alcance das lentes das câmeras, a tarefa pode ser ainda mais difícil e envolve uma série de produtos específicos ou adaptações caseiras que vão desde a adesivo para colar peruca até esponja para remover esmalte das unhas (risos)! Isto requer um capítulo à parte.



3- Coordenação de Radio Frequências

A chegada de última hora uma equipe de filmagem em seu ambiente de show pode trazer consequências desastrosas.


O tema das radiofrequências (RF) é o um dos mas antigos e explorados deste blog, devido à complexa tarefa que é fazer transmissores e receptores de RF funcionarem em harmonia, sem que o trabalho de um interfira destrutivamente no trabalho do outro. Isso se deve á fenômenos como a intermodulação, onde cada microfone sem-fio pode criar subprodutos da transmissão em sua frequência portadora que afetarão as frequências de outro transmissor. Para evitar tal problema, realizamos um procedimento chamado, coordenação de frequências, onde um novo profissional do backstage, o (técnico) Coordenador de RF, com a ajuda de um software (ou planilha) e de um scanner de RF irá analisar o espectro de RF daquele ambiente e procurará estradas (frequências) livres para o tráfego de cada um de seus sistemas sem-fio, que incluem microfones, monitoração in-ear, intercomunicadores, transmissores de vídeo, wi-fi, bluetooth, 3G, 4G, 5G, etc...


Os modelos mais bem-equipados de marcas como Shure, Sennheiser, Lectrosonics e outros já oferecem ferramentas de Scan e Coordenação de frequências na banda de interesse do aparelho, que na minha opinião são indispensáveis para uma performance confiável de sistemas sem-fio em praticamente qualquer evento em ambiente urbano no mundo. Para se ter idéia de como estes sistemas são vulneráveis, basta alguma pessoa adentrar o recinto portando um transmissor ou microfone sem fio e ligá-lo para que as chances de interferência em algum outro sistema utilizado no palco aumentem exponencialmente. Outro dia, alguns amigos relataram que o microfone da cantora principal de sua programação sofreu uma interferência repentina (traduzida em ruído fortíssimo) que deixou toda a banda e a platéia paralisada e surda temporariamente em pleno show. O motivo? Um dos técnicos de palco foi ao estacionamento receber uma remessa de transmissores sem-fio que seriam usados para uma apresentação teatral na noite seguinte, no mesmo recinto. O entregador foi certificar-se de que os transmissores estavam com pilhas novas e ao ligar o primeiro de vários transmissores a testar, este estava sintonizado na mesma frequência do microfone da cantora principal que se apresentava a 30 metros de distância dali. Foi suficiente para parar a apresentação e se aprender uma lição que jamais queremos que se repita.

Os manuais de todo sistema de transmissão sem-fio sério, oferece literatura explicando que quando utilizamos vários sistemas sem-fio ao mesmo tempo, devemos espaçar as frequências utilizadas por eles de forma harmônica para evitar intermodulações, para tal existem os bancos de frequências, matematicamente calculados para alocar vários sistemas similares ao mesmo tempo, minimizando os problemas, fato que a maioria dos usuários desconhece. Basta apenas selecionar um mesmo banco para todos os sistemas e alocar cada uma daquelas frequências a cada sistema sem-fio. Homogeneidade nas marcas, modelos e bandas de operação dos sistemas ajuda muito neste momento, mas ter vários sistemas diferentes não impede uma harmoniosa coordenação.

Softwares gratuitos como o Shure Wireless Workbench (WWB), e o Sennheiser WSM (Wireless System Manager) oferecem este tipo de recurso, permitindo ao usuário inserir vários modelos que compõem seus sistemas e importar (a partir de uma analisador de espectro RF dedicado) uma análise (scan) ou fazê-la em tempo real (requer receptores possuidores de função de Scan, como no caso da Shure, os modelos Axient, ULX-D, QLX-D, P10T e a novíssima linha SLX-D, e no caso da Sennheiser os modelos Digital 6000, Digital 9000, 2000 Series, 2000 IEM, EM 373x (COM), EM373x-II (COM), ew 300 G4, ew 500 G4, ew IEM G4, ew 300 G3, ew 500 G3 e os ew 300 IEM G3) de forma a evitar frequências já ocupadas por canais de TV, telefonia celular e outros tecnologias de rádio-transmissão para a transmissão de seus sistemas wireless. No site da marca existem vários vídeos mostrando a operação do WWB que vale a pena serem assistidos. Outro fato importante é acessar bancos de dados que oferecem informações sobre o espectro de RF local da cada país de forma a identificar as frequências disponíveis para sistemas sem-fio como microfones e monitoração inear, como o excelente SIFA da Sennheiser. Este tema de RF e os desafios atuais dos sistemas sem-fio já foi abordado por alguns de nossos posts anteriores, como:





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De Jerusalém,


Tairo Arrabal

(Enginear Audio Solutions)


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